* Crédito para o Autor Jair Leopoldo Raso.
Oito de março é o dia internacional da mulher. Feministas de carteirinha comemoram, em todo o mundo, as conquistas que o sexo frágil consolidou. As mulheres estão definitivamente inseridas no mercado de trabalho, na vida política e cultural de nossa sociedade. Mas ainda há muitas conquistas pela frente.
Em vários países, neste dia, são realizadas conferências, debates e outras atividades para discutir o papel da mulher e suas reivindicações por igualdade.
Afinal, a mulher ainda sofre com jornadas de trabalho maiores e/ou salários comparativamente menores. Não redigem sua própria história e ainda são vítimas da violência masculina, a ponto de merecerem delegacias especializadas.
Mas conquistas são inegáveis. Já são maioria em muitas profissões em que se destacam como lideranças. Destacam-se até no futebol. O exemplo é nossa grande craque Marta, muito melhor que muito marmanjo de times profissionais.
O sucesso na política é apenas um termômetro que representa as conquistas do sexo que de frágil não tem nada. Pelo andar da carruagem, vaticino que, no próximo século, deveremos instituir e comemorar o dia internacional do homem. Será um dia para celebrar a diferença entre os gêneros, numa sociedade em que todos serão iguais pela competência.
No dia 27 de março, comemora-se o dia Internacional do Teatro. Muitos consideram o teatro a arte frágil que, a exemplo das mulheres, merece um dia de luta para que sua importância na sociedade seja apreciada.
Para muitos, o teatro está morrendo. Para outros, ele sempre foi um natimorto. Qual fênix, entretanto, aqui e ali o teatro renasce e floresce como termômetro cultural de uma comunidade.
Gosto do teatro, pois ele não deve obediência a Hollywood e não é, como a televisão, a arte do IBOPE. O teatro encontra seu espaço quando escolhe e escreve sua história aliando diversão e pensamento.
Em 1998, escrevi e dirigi a peça de Teatro "As Mulheres se Odeiam". Neste texto, chamo atenção para a armadilha criada para a mulher moderna. Dela se exige que não apenas trabalhe em condições de igualdade com o homem, mas que mantenha suas atividades anteriores, como se o acúmulo fosse humanamente possível. Assim, após a jornada de trabalho, às vezes superior à do homem, com salários menores, ela volta para casa para continuar trabalhando na administração do lar, na educação dos filhos. Como se não bastasse, deve manter padrão de beleza impecável aos olhos do homem. Cumpre à risca papéis que atendem ao desejo do homem: profissional fora do lar, profissional dentro dele, mãe, esposa, bonita, atraente e feliz.
As mulheres se odeiam quando não são donas de seu próprio desejo. Como de resto todos nós.
De minha parte, desejo que março continue sendo o mês de celebração da mulher e do teatro. Celebração não da fragilidade, mas do importante desafio que têm em comum: serem os donos de sua própria história.
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Ophicina de Arte e Prosa